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Com milhões de votos por contar, as eleições nos EUA continuam em aberto

Foto do escritor: jornalsatelitejornalsatelite

Atualizado: 20 de jan. de 2021

Marcadas por um contexto de pandemia, estas eleições estão entre as mais importantes da história dos Estados Unidos. Biden está confiante na corrida, enquanto Trump declara “fraude eleitoral”. Ainda sem um vencedor, é possível que se passe das urnas para o Supremo Tribunal.

Ana La-Salete Silva, Ana Isabel Ribeiro (texto) e Ricardo Jesus Silva (infografia)


Fotografia: Erik S. Lesser / Maxppp


Já era esperado que o momento eleitoral se estendesse, no mínimo, até à tarde desta quarta-feira. Com uma vitória declarada a favor de Trump na maior parte do Sul, o resultado continua dependente dos três Estados decisivos onde a corrida se concentrou: Pensilvânia, Michigan e Winsconsin; mas a Georgia ainda se pode revelar uma surpresa.


Contudo, se a decisão depender da Pensilvânia, onde Trump, de momento, lidera (com os votos postos nas urnas ao longo do dia de ontem), o novo presidente dos Estados Unidos da América poderá ser confirmado apenas na sexta-feira, pois este estado vai continuar a aceitar boletins de voto até ao final da semana, desde que estes estejam carimbados até dia 3.


Os democratas esperavam acabar com o domínio republicano no Sul e ainda tiveram esperanças de virar o Texas azul, pela primeira vez desde 1976, mas Donald Trump acabou por reconfirmar a vitória de 2016 neste Estado, tal como na Florida. Por agora, o atual presidente do país assegura 23 Estados, tendo perdido, ainda assim, o Arizona para Joe Biden.


O oponente democrata garante, até este momento, 20 estados a seu favor, mas foi surpreendido por uma prestação pior do que a de Hillary em 2016 na Florida, o que se justifica pelos votos a favor do seu oponente por parte dos eleitores de origem cubana.


No geral, Donald Trump está a obter melhores resultados do que em 2016, mas nem tudo está perdido para Biden – se mantiver a liderança que tem no Arizona e Winsconsin, basta vencer no Michigan, na Pensilvânia ou, até mesmo, na Georgia para ser eleito Presidente dos Estados Unidos. O candidato dirigiu-se aos seus apoiantes, dizendo que está “confiante” na vitória, e expressou-o também nas redes sociais.


Por outro lado, a incerteza nos resultados não impediu Donald Trump de aproveitar o facto de ir à frente no Michigan e na Pensilvânia para declarar, em mensagem ao país, que a sua vitória está praticamente decidida e acusar o Partido Democrata de “tentar roubar a eleição” através de uma “fraude eleitoral”. Confirmou ainda que vai recorrer ao Supremo Tribunal para garantir que não são contados votos “acrescentados mais tarde” por “um grupo triste de pessoas”.


“Estávamos a preparar-nos para uma grande celebração. Estamos a vencer em todo lado e de repente parou tudo. Isto é fraude para com o povo americano. É uma vergonha para o nosso país. Estávamos prontos para vencer esta eleição. Francamente, vencemos esta eleição. E vencemos por muito”, afirmou, transmitindo a mesma mensagem no Twitter - a rede social, no entanto, já sinalizou o conteúdo do tweet como errado.



Em resposta, a gestora de campanha de Joe Biden confirmou, em comunicado, que existem “equipas jurídicas a postos para resistirem a essa tentativa”. O’Malley Dillin acrescentou ainda que a posição de Trump é inédita: “ao longo da nossa História, nunca um Presidente tentou esvaziar a voz dos americanos numa eleição presidencial”.


No Twitter, Alexandra Ocasio-Cortez, deputada reeleita nestas eleições para a Câmara dos Representantes, também respondeu, definindo as reivindicações de vitória de Trump como “ilegítimas, perigosas e autoritárias”.



Estas declarações surgem numa fase em que está tudo em aberto na corrida à Casa Branca. Faltam contar uma parte considerável dos votos por correspondência em Estados que se podem revelar decisivos. A incógnita de quem vai ser o próximo Presidente dos EUA vai ficar no ar, pelo menos durante as próximas horas.


Quatro anos de Estados Desunidos da América


Mais de 136 milhões de americanos exerceram o seu direito de voto nas eleições do dia 8 de novembro de 2016. Contrariando todas as sondagens que, na época apontavam para a vitória de Hillary Clinton, Donald Trump esteve sempre à frente desde o primeiro momento e foi eleito 45º Presidente dos Estados Unidos.


Se parte do resultado da eleição se deveu aos votos de alguns estados como Texas (38), Florida (29), Pensilvânia (20), Georgia (16), Carolina do Norte (15), Arizona (onze), Oklahoma (sete) ou Iowa (seis) a favor de Trump, é também certo que o restante resultou da elevada taxa de abstenção.


Uma vitória apreciada por muitos e repudiada por outros e que conduziu à transformação dos Estados Unidos da América nos Estados Desunidos da América.


Interferência russa nas eleições, manifestações, violência, tiroteios, ataques homofóbicos e racistas, uma investigação que revela que o (ainda) atual Presidente não paga impostos há pelo menos 15 anos e uma pandemia mal gerida foram apenas alguns dos vários acontecimentos que afetaram a América do Norte e que acabaram por não a tornar “grande, outra vez”.


Sem resultados definitivos já é possível afirmar que, quatro anos depois, a afluência às urnas foi mais que superior. Cerca de 100 milhões de pessoas votaram antecipadamente.

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