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Morreu Diego Maradona, a lenda do futebol mundial

Atualizado: 20 de jan. de 2021

Diego Armando Maradona faleceu, esta quarta-feira, aos 60 anos. O ex-jogador da argentina sofreu uma paragem cardíaca. Estava a recuperar de uma cirurgia ao cérebro.

Ana Isabel Ribeiro (texto)


Fotografia: FIFA


O calendário assinalava quarta-feira, dia 25 de novembro. O dia começou como qualquer outro, mas terminou da pior forma para o mundo do futebol com a notícia que ninguém deseja ouvir: a morte de uma das suas maiores lendas, Diogo Armando Maradona.


Pouco mais de um mês depois de ter completado 60 anos, o astro argentino despediu-se de nós e rumou ao Olimpo, morada que sempre se adequou ao seu percurso no mundo do futebol.


O corpo do ex-jogador da seleção argentina foi autopsiado esta quarta-feira e já é conhecido o resultado do relatório. Segundo o jornal O Jogo, Maradona sofreu uma paragem cardíaca em casa.


No início deste mês, no dia 2 de novembro, o craque deu entrada no hospital de Buenos Aires com sintomas de anemia, desidratação e depressão, tendo os exames a que foi submetido revelado um hematoma na cabeça ao qual foi operado com sucesso. No entanto, a recuperação revelou-se bastante fraca e Maradona acabou por falecer para tristeza dos milhões que o adoravam à volta do mundo.


Do berço para os relvados: o percurso do rei do desporto-rei


Considerado um dos maiores jogadores da história do futebol, foi o rei do apelidado desporto-rei. Tinha a bola como melhor amiga e foi com ela que começou a dar os primeiros toques, aos nove anos, nos subúrbios de Buenos Aires. O talento e a destreza no domínio da bola já espelhavam a carreira dentro das 4 linhas. Uma carreira brilhante, polémica, controversa, marcante e, acima de tudo, indomável.


Entre vitórias e decadências estreou-se aos 9 anos no Cebollitas e apresentou-se ao serviço, com 15 anos, no futebol sénior ao serviço do Argentinos Juniors. A carreira que começou em 1976 encheu os estádios de remates certeiros que acertavam em cheio nas balizas adversárias e nos técnicos e dirigentes de clubes da I Divisão como o Boca Juniors, clube que defendeu com garras e chuteiras entre 1980 e 1981 e ao qual haveria de regressar por mais duas épocas e terminar a carreira.


Capaz de assistências intermináveis e dono de exibições que deixavam cada vez mais pessoas de queixo caído, a Argentina tornou-se pequena para tanto talento concentrado nos seus 1,67 metros de altura. Nas alturas foi onde se instalou durante o seu caminho dentro dos relvados. Seguiram-se o Barcelona, Nápoles —passagem marcante, já que venceu dois campeonatos italianos (1986/87 e 1989/90) e uma taça UEFA (1988/89) —, Sevilha e Newell´s Old Boys, sem nunca deixar de regressar a casa, à sua amada seleção argentina.


O "adeus aos relvados" foi em 1997. Depois de pendurar as chuteiras, deu uso ao seu favorito 4-2-3-1 e, em 2008, tornou-se treinador da seleção argentina ainda que tenha desistido depois da derrota nos quatros-de-final frente à Alemanha no Mundial de 2010 e dos argentinos do Gimnasia de La Plata, clube que treinava atualmente.


“A mão de Deus”


Foi durante o campeonato do mundo de 1986, que “El Pibe” ou “pelusa” protagonizou um dos episódios mais insólitos da sua carreira, no jogo dos quatros-de-final frente à Inglaterra.

Num encontro memorável e que ficou para a história, Maradona deu polémica e espetáculo, uma síntese que espelha a sua carreira indomável. A seleção argentina acabou por vencer o jogo por 2-1, com dois golos do astro. O primeiro foi marcado com a “Mão de Deus” — um golo decisivo e bastante polémico, que rotulou o ex-jogador de “deus humano”. “Marquei um pouco com a cabeça e um pouco com a mão de Deus”, disse.


O segundo já foi com o pé, mas nem por isso menos importante, já que foi eleito pelos fãs de futebol numa votação da FIFA em 2002 como “Golo do Século”.


Na altura sem vídeo-árbitro, “a Mão de Deus” acabou por ser validada, mas nunca esquecida, mesmo entre jogadores adversários. Sem nunca ter pedido desculpas aos ingleses, da boca do camisola 10 e, sobre o caso, só saiu uma única frase: “O golo continua a ser um golo, a Argentina foi campeã do mundo e eu fui o melhor jogador do mundo. Não posso mudar a história. Tudo o que posso fazer é seguir em frente”, dizia o craque em 2008.


Glórias e dependências


Maradona deu que falar, não só pelo seu talento futebolístico, mas também pela personalidade irreverente e por alguns escândalos relacionados com o consumo de drogas.

No início da década de 90 foi apanhado com cocaína no sangue e foi suspenso durante 15 meses. No mesmo ano, acabou por ser deito por porte de cocaína em Buenos Aires. Foi o início da primeira de muitas polémicas que marcaram os seus últimos anos enquanto jogador.

“A mim, a droga tornou-me pior jogador, não melhor. Têm noção do jogador que teria sido se não tivesse seguido os caminhos da droga?”, diz na sua biografia.


Ao consumo de drogas e álcool, que lhe haviam de corroer a carreira e a saúde, somaram-se os episódios de violência dentro de campo.


A gota de água foram as cenas de violência que Maradona iniciou na final da Taça do Rei de 1984 contra o Atlético de Bilbau, depois de Andoni Goikoetxea, que já havia partido a perna a Maradona num outro encontro, voltar a cometer uma falta dura sobre ele.


As reações do mundo do futebol


Não tardaram as reações ao falecimento de Maradona. Cristiano Ronaldo publicou nas redes sociais uma fotografia com o ex-jogador com uma mensagem ”Hoje despeço-me de um amigo e o Mundo despede-se de um génio eterno. Um dos melhores de todos os tempos. Um mágico inigualável”.



A par de Ronaldo, o rival Messi também manifestou a sua tristeza com a partida do camisola 10 azul-celeste.



As mensagens de pesar vieram de toda a parte e de clubes de todo o mundo, entre os quais onde Maradona jogou. ,




Em Portugal, as reações também se fizeram sentir. O Benfica colocou uma foto de Eusébio com Maradona, o Sporting publicou uma imagem do astro com a camisola do clube e o FC Porto (que está também de luto por Reinaldo Teles, histórico dirigente do clube que faleceu vítima de covid-19) também não ficou indiferente e publicou uma fotografia do craque com a taça de campeão do mundo.





O presidente da Argentina, Alberto Fernández, decretou três dias de luto nacional pela morte de Maradona. O corpo do ex-futebolista já se encontra no palácio presidencial argentino, para a realização das cerimónias fúnebres.

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