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O vírus é capitalista?

Atualizado: 20 de jan. de 2021

Nas últimas semanas, o principal partido da oposição voltou a criticar fortemente um evento do PCP. Desta vez, é o congresso do partido que se realiza este fim de semana em Loures, um dos concelhos de alto risco.

Rui Vieira Cunha (texto)


Ao contrário de outros partidos, o PCP decidiu manter a realização do seu congresso para este fim de semana e, para não variar, o assunto gerou polémica. É certo que o partido comunista podia ter evitado todo este falatório e fazer um evento online, mas talvez Jerónimo de Sousa não saiba funcionar com o Zoom. Contudo, não é justo atacar apenas o PCP quando o Chega se fartou de realizar eventos sem cumprir as regras de distanciamento.


É uma discussão um pouco estranha e diria até mesmo desonesta, tendo em conta a falta de critério e a desinformação envolvida. Há quem queira fazer passar a ideia de que apenas o PCP realiza ou pode realizar comícios destes - o que é completamente falso.


No meio de toda a polémica, é curioso que o líder da oposição e um dos mais críticos do evento, Rui Rio, não se tenha indignado em setembro, quando o Chega realizou uma convenção em que as regras sanitárias não foram cumpridas.


Recorde-se que a GNR até esteve presente e multou alguns militantes que não estavam a usar máscara. Um facto facilmente comprovado com o visionamento de fotografias nos jornais e imagens televisivas, em que se vêm dezenas de pessoas sentadas lado a lado sem máscara. Mas este não foi o primeiro nem último evento do partido em que as regras foram desrespeitadas, no verão o próprio partido publicou fotos nas redes sociais, onde se viam centenas de pessoas a jantar sem distanciamento social.


Não vi Rui Rio a pedir satisfações à DGS, nem ao Chega sobre o assunto. Rio ficou-se pelo silêncio ensurdecedor e pela teimosia que lhe é característica. Ninguém ouse chamá-lo atenção para este facto, pois será acusado de “extremismo” e, como se sabe, Rui Rio não se cansa de afirmar a importância da moderação. Estamos perante um conceito de moderação um pouco estranho, é uma moderação que não hesita em passar um “pano” nas atitudes de um partido racista, xenófobo, LGBTfóbico, etc...


No Twitter, uma rede muito usada pelo líder Social-Democrata, comentou apenas uma notícia sobre o discurso de André Ventura, e passo a citar: “Pelos vistos, parece que a coisa esteve animada em Évora. Ainda Bem. Isto também tem de ter um pouco de boa disposição, senão é uma chatice.” O líder do PSD não faz qualquer referência a questões de saúde pública, muito menos coloca em causa a realização do evento. Isto poucas semanas depois da “polémica” festa do Avante, tão criticada por Rui Rio e o resto da oposição durante várias semanas.



Rio parece estar pouco preocupado com os eventuais problemas de saúde provocados por este congresso do PCP, a preocupação parece ser a de agradar ao novo amigo, André Ventura, já que até achou muita graça ao seu discurso na convenção do Chega (a tal das pessoas sem máscara) e que até contou com a ajuda dele para conseguir formar governo nos Açores.


Quando dá jeito, Rio esquece-se das questões de saúde pública. Essas preocupações só são válidas em eventos do PCP. Será que a covid-19 é social-democrata ou é fascista? A avaliar pelo à vontade com que os chegófilos põe em causa a gravidade do Covid, talvez seja a segunda. Mas Rui Rio parece que está a tentar gerar um descontentamento popular em torno de um partido com uma ideologia oposta à sua. Ou melhor, se calhar está mais empenhado em defender o seu umbigo e as coligações onde está o partido da extrema-direita. Mais uma vez, deparamo-nos com a “moderação” oportunista.


Paira no ar a questão: Será que, para Rio, o vírus só ataca em eventos ligados a partidos de esquerda ou o líder do PSD é apenas um oportunista sem escrúpulos?

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