O primeiro-ministro e a presidente da Comissão Europeia, que falavam na Web Summit, descreveram o ano de 2020 como um ano de inovação e digitalização. Portugal conseguiu atrair projetos tecnológicos e a Europa procura reescrever “O Livro das Regras do Mercado Digital”.
Ana Isabel Ribeiro (texto)
Fotografia: Diário de Notícias
“Uma Web Summit digital é uma Web Summit diferente, mas manteremos o mesmo espirito”. Esta foi a frase com que o primeiro-ministro António Costa, iniciou o discurso da abertura do evento que todos os anos tem lugar na cidade de Lisboa e a transforma, segundo o presidente da Câmara, Fernando Medina, “na capital, mas dinâmica e vibrante do mundo”.
Contudo, a impossibilidade de ser um evento físico, como é habitual, não afeta o propósito para o qual foi criado— descobrir o gigantesco ecossistema de empreendedores.
A presidente da Comissão Europeia, Úrsula Von der Leyen, também consegue ver o lado positivo da pandemia: permitiu encurtar os anos de inovação e digitalização e sem ela, seria insuportável sobreviver à quarentena. As grandes plataformas digitais potenciaram o contacto com os nossos familiares. Para além disto, a inovação tecnológica também tem permitido que as empresas se mantenham abertas num tempo de particular incerteza. “As pessoas nunca tinham encomendado um pizza online”, argumenta.
Só em 2020 o valor das tecnológicas europeias cresceu para quase 50% e a Europa atrai mais capital para startups do que qualquer outra região do mundo.
Para além disto, só nos últimos 5 anos o número de cientistas dedicados à área da Inteligência Artificial quadruplicou e o continente europeu possui mais desenvolvedores de software do que os Estados Unidos. “2020 pode ser a nossa época digital", revela a presidente.
"A Europa tem capacidade de ser líder”, afirma, ao mesmo tempo em que diz esperar que os anos seguintes possam ser rotulados de “os anos do investimento público”.
Em Portugal, ainda que o ano seja marcado pela pandemia, é também um ano de crescimento. O país conseguiu superar-se no domínio da inovação e da digitalização através da capacidade de atração de novos projetos— 23 no total, 18 deles durante a pandemia
“Este ano foi um ano marcado pela pandemia. Mas 2020 não é só isso. É o ano em que Portugal saltou para a Liga dos Campeões da inovação, com o lançamento do plano de ação para a transição digital, visando a capacitação digital das pessoas, das empresas e dos organismos do Estado” salienta António Costa.
Num tempo em que se procura reescrever, nas palavras de Von der Leyen, “O Livro das Regras do Mercado Digital”, é necessário que seja tida em consideração a barreira entre o digital e o físico. Para que exista esta transição digital e capacitação das pessoas de que falava o primeiro-ministro, é necessário que as regras sejam iguais para os dois polos. “Não é permitido partilhar dados ou discursos de ódio nas redes sociais. Se vir um anuncio deve saber quem o divulgou e porque é que o está a ver”, explica a presidente.
Depois de realçar que o facto de todos atravessarmos um desafio comum em tempos onde reina a incerteza nos traz força, António Costa espera que o evento seja o ponto de partida para preparar um novo mundo pós pandemia. “É um ponto de partida para construirmos um futuro melhor”, afirma.
Um futuro que, espera Fernando Medina, traga a Web Summit de volta à cidade. “Em 2021 encontrar-nos-emos em Lisboa”, conclui.
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