top of page

Web Summit: Uma democracia de olhos postos no futuro

Foto do escritor: jornalsatelitejornalsatelite

Atualizado: 20 de jan. de 2021

Neste Web Summit, a União Europeia também entrou em debate. Ao longo dos três dias, foi abordado todo o tipo de temas, desde a nova legislação para as redes sociais até ao futuro da economia, lesada pela crise pandémica.

Ana La-Salete Silva (texto)


Fotografia: AFP/Getty Images


Danos irreparáveis ao clima, a China como grande poder económico, impressão de dinheiro pelos Bancos Centrais – que vai parar às mãos dos ricos, e a redução do consentimento das pessoas. São estas as quatro ameaças ao sistema capitalista identificadas por Quinn Slobodian no Web Summit de 2020. Para o historiador e professor na Wellesley College, a precariedade no trabalho leva cada vez mais a que a população deixe de crer no capitalismo e na democracia e tenda a “ir contra o sistema”.


E a talk de Věra Jourová, vice-presidente da Comissão Europeia (Valores e Transparência), corrobora a opinião de Quinn – “parámos de acreditar que a democracia funciona” porque não vemos “justiça” e “estabilidade” suficientes. Věra destaca o quão grande é a necessidade de um maior esforço por parte dos democratas em “convencer as pessoas de que a democracia funciona e que elas têm algo a dizer nela”, por exemplo, através do voto.


A internet tem um papel preponderante neste esforço, ao conectar e informar os seus utilizadores. Nesse sentido, é importante desenvolver “boas características e algoritmos” que promovam o debate democrático e manter o espaço digital tão livre quanto possível de forma a refletir as conquistas europeias nessa área.


Para tal, a União Europeia adotou, a 2 de dezembro, um conjunto de regras para quem lidera o mundo da tecnologia. O objetivo? Aumentar a transparência para os cidadãos e aumentar a responsabilidade das plataformas em detetar e remover conteúdo ilegal, tal como pornografia infantil, terrorismo, extremismo, discurso de ódio na sua, como Věra descreve, “forma bruta”.


Os passos da Europa já despertam, de acordo com a vice-presidente, o interesse internacional, já que continentes como a América “querem continuar com a filosofia de que as pessoas devem ter controlo sob o que acontece aos seus dados online”. Assim, a União Europeia tem potencial para se tornar em algo “com significado”, sem a pressão dos grandes interesses económicos. Věra Jourová revela ainda que a EU ambiciona oferecer as suas regras ao resto do mundo democrático, por respeito à liberdade dos indivíduos.


Portugal, mas na visão de Rui Rio


Quem também mencionou a União Europeia foi o presidente do PSD, numa conversa com a jornalista da Reuters Catarina Demony acerca do futuro da economia portuguesa.


A chegada da COVID-19 a Portugal motivou uma resposta rápida por parte do Governo, que já a aguardava, mas a verdade é que as decisões mais recentes relativas ao estado de emergência trouxeram “caos político”. Para Rui Rio, “há beleza na cooperação” entre partidos, mas a verdade é que não consegue deixar de criticar as medidas tomadas, “porque sabe fazer melhor”, ao contrário do que acontecia entre março e abril. Se pudesse voltar atrás no tempo, Rio faria um melhor planeamento na altura do verão e preparar-se-ia para a segunda onda cuja vinda já estava prevista.


A pandemia impactou negativamente o turismo, a restauração, a indústria têxtil e provocou um aumento das próprias dívidas pública e externa e uma crise económica está cada vez mais bem instalada. Contudo, isto não significa a emigração de pessoal jovem e qualificado, tal como aconteceu em 2008 – na perspetiva do presidente dos sociais-democratas, o facto de, desta vez, estar toda a Europa em crise significa que é mais difícil alguém encontrar emprego se optar por sair de Portugal.


Ainda assim, há que tentar aliviar ao máximo o impacto da crise económica na população e, de acordo com Rui Rio, tal passa por se fazer uma reformação na economia de forma a oferecer “melhores empregos e melhores salários”. Este é, aos olhos de Rio, a melhor forma de investir o dinheiro europeu e onde ele é mais preciso – “o objetivo é reforçar a economia e investir na mesma”, dando prioridade às empresas e, em segundo lugar, o investimento público.


Rio destaca ainda que o orçamento europeu de 7 anos (a ser aplicado entre 2021 e 2027) que visa o investimento em tecnologia, sustentabilidade ambiental e na recuperação da crise pandémica, é uma “vitória para a União Europeia” e significa que “podemos enfrentar esta batalha juntos”, numa altura em que devemos misturar os fundos de recuperação com o Estado de Direito.

2 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page